O planejamento pode, efetivamente, minimizar as ameaças e otimizar as oportunidades dentro de um mercado globalizado e competitivo, que busca, cada vez mais, a excelência nos produtos consumidos em vista da exigente demanda atual, que substituiu a quantidade pela qualidade e, ainda, aproveitando melhor os recursos disponíveis.

Sandhusen (1998, p.15) afirma que “o conceito de marketing é uma filosofia guiada pelas necessidades do consumidor, que passa a ser ponto de partida para as decisões mercadológicas da empresa”.

O estudo pode ser um alerta para que microempresários tomem consciência de que é necessário buscar informações mais precisas, que visem, principalmente, ir ao encontro das reais necessidades dos consumidores.
Dentre os diferentes setores econômicos do município, optamos pelo estudo dos consumidores, visto que estas famílias são responsáveis pela oferta de mão-de-obra e outros insumos da produção, mas também são proprietários das empresas, do capital de uma maneira geral e participantes dos governos, que regulamentam o sistema em questão.

Na avaliação dos consumidores, o comércio local apresenta preços regulares, porém a reprovação dos preços é visível quando acumulamos os indicadores ruim e péssimo. Quanto à variedade, o comércio local pode ser considerado aprovado devendo, entretanto, tentar conquistar mais de 35 % dos consumidores que consideram como ruim ou péssimo tal aspecto no comércio local. Soluções de leiaute e alterações no espaço físico podem surtir efeito positivo, com melhor organização e exposição dos produtos. Estimular o consumo é o caminho.

Razoável a avaliação dos consumidores quanto ao atendimento. Treinamento é o caminho para ampliar esta aprovação. A análise das condições de pagamento, também considerada boa pelos consumidores reforça a aprovação do atendimento. Outro destaque positivo do comércio é a qualidade do produtos, fundamental em cidades menores, ainda mais quando associada a baixos preços. O efeito das propagandas de outras cidades é minimizado com esse diferencial local.

Ao analisarmos as opiniões sobre exposição e vitrine mais uma vez fica constatado que o comércio local preocupa-se pouco com o aspecto visual. A modernização não pode ser considerada um gasto e sim um investimento, afinal é o cartão de visitas do estabelecimento e, junto com o atendimento, capaz de conquistar uma parcela maior dos consumidores. 

Constata-se que o comércio informal cresceu consideravelmente nos últimos tempos, talvez decorrente do aumento dos índices de desemprego. Um fator importante é a fidelidade dos consumidores ao comércio formal. Apenas um quarto dos entrevistados adquire produtos na economia informal. Destes, a grande maioria o faz raramente. O mundo vive uma dinâmica cada vez mais intensa e o agora precede o amanhã em intervalos cada vez menores. As mudanças sucedem-se com cada vez mais intensidade

A análise dos resultados tabulados originou informações ainda que superficiais do mercado.  Tais informações, aliadas à revisão da literatura publicada sobre o tema, permitiu algumas conclusões:

  1. Não há uma relação direta entre as práticas mercadológicas e a aplicação de informações obtidas através de pesquisa no município de Sertãozinho, até mesmo pela ausência de qualquer trabalho realizado com este objetivo;

  2. As decisões em marketing nas micro e pequenas empresa de Sertãozinho são predominantemente intuitivas, sendo quase inexistentes os processos formais de buscas de informações para as decisões;

  3. À vista do consumidor, as micro e pequenas empresas de Sertãozinho seguem as estratégias mercadológicas utilizadas pela concorrência e orientam-se para vendas, ao invés de centrar-se nas necessidades dos clientes. E a falta de informações é a principal causadora deste fato.

As informações obtidas através de pesquisa de campo ou outro instrumento de consulta ao consumidor permitem otimização do uso dos recursos disponíveis e adequado planejamento aos novos investimentos. O objetivo de promover no município de Sertãozinho uma proposta de orientação de gestão, pública e privada, baseada nos anseios e expectativas dos consumidores, que sirva como modelo em caráter regional é perfeitamente possível, através da integração dos agentes econômicos locais para a constituição de um banco de dados comuns, com custo extremamente reduzido e que poderia ser manuseado por qualquer um dos agentes.
 

Melhorar a motivação do consumidor é a regra básica. Inicialmente, valorizar os aspectos positivos e corrigir as deficiências, como preço e variedade. Por fim, assumir riscos, baseados nas próprias informações, para aumentar as alternativas de consumo.

Uma constatação é evidente: os anseios e expectativas dos possíveis consumidores de Sertãozinho não são conhecidos e não estão sendo atendidos. É preciso conhecer o processo de percepção e motivação dos setores pesquisados, como forma de identificar mecanismos para sensibilização da demanda.

Autor: Prof. Me. Gilberto César Ortolan Bellini

 
REFERÊNCIAS

BARROS, A. J. P.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia. São Paulo: McGraHill, 1986.
DAFT, R. L. Teoria e projeto das organizações. 6. ed. Tradução de Dalton C. de Alencar. Rio de Janeiro: LTC, 1999.
KOTLER, P. Administração de marketing. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1993.
SANDHUSEN, R. L. Marketing básico. São Paulo: Saraiva, 1998. (Série Essencial).
SCHERMERHORN JR., J. R. Administração. Tradução de Cecília Mattoso. Rio de Janeiro: LTC, 1999.

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